Opinião
Direita ou esquerda: qual o melhor caminho?
Por João Carlos M. Madail
Economista, Professor, Pesquisador e Diretor da ACP
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Os termos "de direita" ou "de esquerda" são temas das rodas de discussões políticas há muito tempo. A história destas convicções políticas tem origem na Revolução Francesa, em 1789. Na Assembleia Nacional Constituinte da Revolução Francesa, os girondinos (deputados do departamento da Gironda), que eram moderados e conciliadores, sentaram-se à direita do presidente que conduzia a Assembleia. À esquerda sentaram-se os simpatizantes da revolução; os jacobinos (representantes da classe pobre), considerados mais exaltados e radicais, afirma Norberto Bobbio no livro Esquerdo e direito: razões e significados de uma distinção política. Nessa ocasião debatia-se sobre uma nova Constituição para destronar o rei, acabar com a monarquia e resolver a crise em que a França se encontrava. Os girondinos à direita não queriam uma mudança drástica, eram favoráveis ao rei e queriam conservar as coisas com prudência. Por outro lado os jacobinos queriam uma revolução radical, mudar totalmente a forma como a sociedade se organizava, esperando melhorar tudo por meio das suas convicções políticas.
Para ilustrar a diferença de pensamento de cada lado, o professor Adriano Gianturco exemplificou a diferença entre esquerda e direita usando os nomes de Edmund Burke, considerado o pai do conservadorismo moderno, e Thomas Paine, um esquerdista que defendia que a vida deveria ser reconstruída a partir do zero. Segundo o professor Adriano Gianturco, Edmundo Burke foi um filósofo irlandês que criticou a Revolução Francesa em seu ensaio "Reflections on de Revolution in France" (Reflexões sobre a Revolução na França). Na verdade ele temia que o ideal revolucionário levasse o terror à França, o que de fato aconteceu. Segundo o Livro Negro da Revolução Francesa, aproximadamente 40 mil pessoas foram mortas em dez anos. A pena era a guilhotina e o ambiente era a praça pública. Este era o preço a ser pago por quem não apoiasse à revolução. Já Thomas Paine, político britânico entusiasta da Revolução Francesa, acreditava que a história humana deveria recomeçar a partir do zero.
Foi, portanto, a partir dos exemplos de Burke e Paine, que surgiu os termos "de direita ou de esquerda". O primeiro defendia que os processos de mudanças sociais acontecessem levando-se em conta a antiguidade, o conhecimento adquirido. Ele preferia ser prudente e conservar aspectos que funcionam. Já o segundo defende que era preciso uma revolução que reiniciasse os comportamentos, que recomece de uma forma totalmente nova, ainda que fossem formas ainda não testadas. Normalmente são ideias, ideologias, que se espera que resolvam os problemas vigentes. Logo, vincula-se à esquerda um pensamento mais reformista, progressista e revolucionário. À direita vincula-se o que envolve o conservadorismo. No entanto, as definições de direita e esquerda que começaram claras não permaneceram assim. A complexidade das novas situações políticas e mesmo a diferença entre grupos em diferentes países ocorrem em contextos distintos e tornam-se mais inflamados quando polarizadas.
Em síntese, as pessoas que se dizem de direita acreditam em um melhor funcionamento da sociedade quando o governo é limitado e os indivíduos têm mais poder. Para John Rawls, doutor em Filosofia e professor da Universidade de Harvard, ser de esquerda é estar mais preocupado com a coletividade, com o grupo e não com a individualidade. Embora a definição não atenda outros elementos que possam realmente definir grupos políticos, seja no Brasil ou em outros países, alguns traços gerais permanecem no presente e servem como indicadores. Para Karl Marx, ser de esquerda é defender um Estado maior. Margaret Thatcher, símbolo da direita, o modelo econômico ideal se caracterizava pelo livre mercado e da redução da intervenção do Estado na economia.
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